Clã Hata

Natureza

O clã Hata (秦氏, clã Hata?) foi um clã imigrante ativo no Japão desde o Período Kofun, segundo o épico histórico Nihonshoki.

Hata é a leitura japonesa do nome chinês 秦 dado à Dinastia Qin (o nome real da família era Ying), e dado aos seus descendentes estabelecidos no Japão. O Nihonshoki apresenta os Hata como um clã ou casa, e não uma tribo; e apenas os membros da família principal poderiam usar o nome Hata.

Os Hata podem ser comparados a outras famílias que vieram do continente durante o Período Kofun: os descendentes da Dinastia Han da China, pelo Príncipe Achi no Omi, ancestral do clã Yamato no Aya, o clã Sakanoue, o clã Tamura, os Harada e o clã Akizuki; os descendentes de Seong de Baekje (Kudara em japonês) que procuraram refúgio no Japão, por exemplo o clã Ōuchi e o clã Sue; também os descendentes da Dinastia Cao Wei da China pelo clã Takamuko.

Nihonshoki

Os Hata são mencionados pelo nome muito mais do que qualquer outro clã imigrante no Nihonshoki, um dos épicos japoneses do Período Edo, combinando mitologia e história.

O primeiro líder dos Hata a chegar ao Japão, Uzumasa-no-Kimi-Sukune, vindo durante o reinado do Imperador Chūai, no século II. De acordo com o épico, ele e seus seguidores foram muito bem recebidos, e Uzumasa recebeu uma grande posição no governo.

Mais ou menos um século depois, durante o reinado do Imperador Ōjin, um príncipe Hata chamado Yuzuki no Kimi visitou o Japão. Ele dizia ser de Baekje e quis migrar para o Japão, mas Silla não permitiu. Então 120 pessoas do seu clã estiveram em Minama. Aproveitando sua experiência, ele saiu e voltou com membros do seu clã "e 120 distritos de sua própria terra", bem como com uma grande quantidade de tesouros, incluindo joias, tecidos exóticos, e prata e ouro, que foram dados como presente ao Imperador.

Origens

Segundo o Nihonshoki, Yuzuki no Kimi (弓月君) transferiu-se para o Japão de Baekje com pessoas de 120 distritos, as quais passaram a se autodenominar clã Hata. Alguns estudiosos entendem que o clã Hata não veio de Baekje mas da área de Silla ou Gaya.[1]

Os Hata teriam sido adeptos de matérias financeiras e introduzido a produção de seda no Japão. Por isso, eles teriam sido associados com o símbolo kagome, uma forma encontrada na confecção de cestas. Durante o reinado do Imperador Nintoku (313-399), os membros do clã foram mandados a diversas partes do país para difundir a prática da sericultura.

Membros do clã também serviram como conselheiros financeiros para a Corte de Yamato por alguns séculos. Originalmente vivendo na região de Izumo e San'yō, os Hata se instalaram em cidades que viriam a ser as maiores do Japão. Eles teriam ajudado a estabelecer Heian-kyō (atual Kyoto), e diversos santuários xintoístas e templos budistas, incluindo Fushimi Inari Taisha, Matsunoo Taisha e Kōryū-ji.

O Imperador Yūryaku deu ao clã o nome Uzumasa em 471, em honra às contribuições de Sake no kimi para a difusão da sericultura. Nos próximos séculos, eles receberam o estatuto de kabane em Miyatsuko e depois em Imiki.

Alguns clãs de samurais, incluindo o clã Chōsokabe de Shikoku, o clã Kawakatsu de Tanba e o clã Jinbō da província de Echigo, alegaram descender dos Hata.

O clã Koremune, também descendente do Imperador de Qin, relacionou-se às origens dos Hata. Príncipe Koman-O, no reinado do Imperador Ōjin (c. 310), veio a morar no Japão. Seus sucessores receberam o nome Hata. Esse nome foi alterado para Koremune em 880. A esposa de Shimazu Tadahisa (1179-1227) (filho de Minamoto no Yoritomo e ancestral do clã Shimazu de Kyūshū), era uma filha de Koremune Hironobu.

Além disso, diversas cidades japonesas foram batizadas a partir do clã, como Ōhata, Yahata e Hatano. A população de Neyagawa, na prefeitura de Osaka, possui vários descendentes dos Hata.

Zeami Motokiyo também dizia ser descendente dos Hata, o primeiro artista Noh da história, que atribuiu as origens do Noh a Hata no Kawakatsu. Segundo escritos de Zeami, Kōkatsu, ancestral das linhagens de Noh Kanze e Konparu, foi o primeiro a introduzir as danças rituais kagura do xintoísmo no Japão durante o século VI; esta forma viria a evoluir para o sarugaku e então para o Noh.

Enquanto a maioria dos estudiosos acredita nessa linha de descendência do Imperador de Qin, outros atestam que o clã veio da Ásia Central. Ken Joseph Jr explica que Yuzuki no Kimi significa Senhor de Yuzuki, e ele encontrou um lugar com os escritos 弓月 na Ásia Central. O problema dessa teoria é que Kimi não significa "Senhor da Ásia Central", mas era um cargo oficial japonês sob a autoridade do governador de uma província (Kuni no miyatsuko) ou o governador de um distrito (Agatanushi). O segundo problema é que Yuzuki não se refere a um lugar, mas era o nome do príncipe. Ken Joseph Jr também explica que o nome de família Hata foi dado a todos os estrangeiros naturalizados, o que está errado. O nome Hata (秦 Qin na leitura chinesa) era reservado a descendentes de chineses da Dinastia Qin estabelecidos no Japão.

Shinshūkyō e a ideia de origem comum

A noção de que o clã Hata estava entre as Tribos Perdidas de Israel, ainda que longe do aceito ou mesmo considerado nos estudos formais, é central para diversas novas religiões do Japão e aos escritos de diversos autores japoneses. Enquanto há algumas indicações de que os Hata originalmente Semíticos ou da Ásia Central, a maioria dos acadêmicos não concluiu que eles definitivamente fossem judeus, ou das Tribos Perdidas. Dr. Yoshiro Saeki (1872-1965), um especialista em Cristianismo Oriental, foi um dos primeiros a propor a teoria de que os Hata eram Semíticos na origem, praticando um antigo tipo de Judaísmo, e que eles teriam grande impacto na cultura japonesa. Ikurō Teshima, fundador da Nova Religião Makuya, e autor de vários livros sobre os Hata, é outro proponente da teoria.

Dr. Saeki [carece de fontes?] descobriu uma antiga tumba e um santuário numa ilha do Mar Interior de Seto em 1907 [carece de fontes?], que ele interpretou como sendo dos Hata [carece de fontes?]. O túmulo, segundo ele, seria de Hata no Kawakatsu, um grande chefe Hata. O santuário, chamado "Osake Jinja," foi interpretado por ele como um santuário para o Rei Davi [carece de fontes?].

Membros notáveis do clã Hata

  • Hata Sake no Kimi
  • Hata no Kawakatsu
  • Hata no Ujiyasu

Ver também

  • Judeus de Kaifeng
  • Cazares
  • Hattori - uma "corporação" (be) de criadores de bicho-da-seda dos períodos Asuka e Nara

Referências

  1. Translations and comments of Baekje history - Japan part, 2008, South Chungcheong province of Korea
  • Frederic, Louis (2002). "Japan Encyclopedia." Cambridge, Massachusetts: Harvard University Press.
  • Rimer, J. Thomas and Yamazaki Masakazu trans. (1984). "On the Art of the Nō Drama: The Major Treatises of Zeami." Princeton, New Jersey: Princeton University Press.
  • Teshima, Ikuro (1973). The Ancient Refugees From Religious Persecution in Japan: The Tribe of Hada - Their Religious and Cultural Influence. 1.