Cola de sapateiro

Cola de sapateiro é uma mistura de solventes orgânicos, entre eles o tolueno (ou o xileno), originalmente produzida para ser usada como adesivo para couros e borrachas, mas indevidamente utilizada como droga psicoativa.

Mecanismo de ação e efeitos

Os solventes que entram na composição da cola de sapateiro são lipossolúveis, isto é, dissolvem-se em gorduras. Uma vez inalados por via oral ou respiratória, atravessam a membrana hemato-encefálica e atingem rapidamente o cérebro, provocando alterações do estado de consciência que vão desde leves tonturas até fortes depressões do sistema nervoso central. Sendo altamente solúveis, são armazenadas no tecido adiposo e no tecido cerebral.

A ação do tolueno sobre o sistema nervoso provoca um sentimento de gratificação e entorpecimento, associado a vertigem e tontura, que começa em poucos minutos e pode durar até quase uma hora. Muitos usuários descrevem como sintomas a ocorrência de ilusões, sonolência, perda ou redução de inibições, sensação de estar flutuando e eventualmente amnésia.[1]

Reação do organismo

Ver artigo principal: Intoxicação por hidrocarbonetos

O metabolismo hepático transforma o tolueno em ácido benzoico, eliminando-o pelos pulmões, ou mais lentamente pela urina, na forma de ácido hipúrico.

Como o organismo reage rapidamente, gerando tolerância à dose administrada, torna-se necessário um aumento da dose para obter o mesmo efeito na próxima vez, formando-se o ciclo da dependência.

Pesquisas recentes com tomografias cerebrais mostraram que o tolueno absorvido pelo organismo dirige-se às mesmas regiões do cérebro e age de maneira muito semelhante à da cocaína.[2]

Situação legal

No Brasil, em junho de 2006, a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) proibiu a venda de cola de sapateiro para menores de 18 anos.[3]

Desde 2003, tramita na Câmara Federal um projeto de lei visando substituir gradualmente o uso da cola de sapateiro por adesivos à base de água. Mas a indústria calçadista brasileira argumenta que ainda não há tecnologia para isso, e que a substituição prematura do adesivo tradicional provocará aumento de custos, devolução de calçados defeituosos e queda nas exportações.[4]

Referências

  1. «Notas de toxicologia aplicada, no sítio da UFRJ». Consultado em 13 de outubro de 2009 
  2. «Notícia sobre pesquisa desenvolvida pelo Laboratório Brokehaven, de Nova York». Consultado em 13 de outubro de 2009 
  3. «Anvisa fixa regras para venda de cola de sapateiro». Consultado em 13 de outubro de 2009 
  4. «Para empresas, substituição de cola de sapateiro elevará custos». Consultado em 13 de outubro de 2009 
  • Portal da farmácia