Epistocracia

Epistocracia, defendida por Jason Brennan, é um termo que foi criado, em 2003, por David Estlund, a partir das palavras gregas episteme + krateia. A primeira significa conhecimento científico ou verdadeiro, enquanto que a segunda significa governo ou poder. A epistocracia é, pois, o regime político em que a governação é entregue aos sábios, aos conhecedores dos dossiers da governação. Em que só os mais esclarecidos possam votar ou ser eleitos.[1]

Surge na convicção de que os cidadãos nas democracias tem pouco ou nenhum poder em termos de tomada de decisões coletivas, o que os desencoraja de tentarem estar melhor informados sobre assuntos de interesse coletivo.[2] Igualmente parte da constatação de a maior parte da população é ignorante em matéria de política, quando não absolutamente irracional, o que cria inimigos cívicos e que esta ignorância originaria decisões políticas incompetentes, injustas e ilegítimas, uma vez que em democracia a escolha dos governantes é uma decisão expressa por sufrágio universal (um cidadão, um voto). Com isso, dever-se-ia reconhecer que, como a democracia é incompetente para resolver os problemas de paz, segurança e justiça, por exemplo.[3][4]

É um sistema político que pretende distribui o poder na proporção do conhecimento ou competência, podendo assumir a forma de sufrágio restrito — isto é, restringindo o voto dos ignorantes, votos adicionais para os mais competentes, sorteio e processo de formação destes eleitores, veto epistocrático, de forma que os mais competentes poderiam vetar certas leis, ou mesmo votos com pesos diferentes entre os que sabem e os que ignoram os temas políticos.[3][4]

Este conceito, já vem do tempo de Platão, que defendia a chamada sofocracia, ou seja, o governo baseado na virtude da moderação resultante da contemplação do Bem, que era exclusiva dos sábios e cujo modelo só foi assumido parcialmente com os poderes que a aristocracia teve ao longo dos séculos.[1]

Ver também

Referências

  1. a b Epistocracia versus Democracia, por César Rodrigues, Mensageiro de Bragança, Edição 3654
  2. O fim da vaca sagrada, por Carlos Alves, Relações Internacionais, nº. 56, Lisboa, dez. 2017
  3. a b Contra a epistocracia, por Denis Coitinhom Estadão, 28/09/2020
  4. a b Ilya Somin (3 de setembro de 2016). «Democracy vs. Epistocracy». Washington Post (em inglês). washingtonpost.com. Consultado em 18 de outubro de 2022 

Ligações externas

  • Contra a Democracia. por Orlando Coutinho, Revista Portuguesa de Ciência Política
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